Thursday, January 11, 2007

Microconto parte II

Acabei de achar meu microconto favorito jogado em uma comunidade de uma editora idiota.
Um texto dos velhos publicado por indicação do Propolis.
Volto em breve com textos novos...

À família INCA.

Acordo às oito para o café da manhã todos os dias. Não que eu goste dele, pois me sinto meio enjoado logo cedo, contudo a tia me acorda e eu não tenho como dizer não. Ela tem sido boazinha comigo, cuidando de mim sempre na hora. Não a conhecia até que vim para cá. Achei que fosse só por alguns dias, mas descobri que será por um bom tempo. Não tenho de ir à escola, tampouco fazer lição, acho que gosto de ficar o dia todo vendo TV. Faz três meses que moro aqui e ela nunca me deixou na mão. Nem poderia, afinal sua função aqui no hospital é zelar por mim. Não sei se melhoro. Câncer é ruim.

Sunday, October 29, 2006

Microconto, um gênero moderno.

Esse é dos velhos. O único que não perdi.



Dois pulos à frente, um à direita. Mais dois à esquerda, um acima. Estou quase lá, mas tenho de me proteger. Vez dos meus inimigos. Agora dos amigos. Branco pisando no chão preto, preto no branco, branco no branco, preto no branco, branco no preto. Preto fora, branco à frente, branco caído, preto correndo. Eu, novamente, pulando ao lado e à frente, a derrubo; quase caio. Ah, se não houvesse uma grande torre me protegendo. E por trás dos pulos ao lado e à frente há uma mente. Pensa. Pula. Corre. Derruba. Mais um pulo e xeque... Mate! E o cavalo volta para o lado do seu rei. É hora de recomeçar.

Tuesday, October 17, 2006

Um belo dia.

Todos devem ter recebido pelo menos um e-mail falando da abertura cósmica, aquela que eleva nossa força do pensamento um milhão de vezes -- a mesma força que alguém jamais entendeu --; por isso, teríamos de pensar somente coisas positivas durante todo o dia, a partir das 10:17 para ser mais exacto, para que quando chegasse a hora do pico de energia (17:17), todas as pessoas estivessem pensando coisas boas e energizando tudo ao redor, e transmitindo milhares de boas vibrações, e prosperando, e zás, zás...
Não aderi, claro. Afinal, não creio que alguém que trabalhou como um agente terrorista, acordara cedo e viajara mais de quatro horas por meio de um transporte público mais-que-suburbano (não, não é mais-que-perfeito) consiga acumular tantas boas energias assim, repentinamente. Por outro lado, gosto de dias assim, místicos. As pessoas realmente se concentram e se esforçam para ter um bom dia, para emanar boas vibrações, fazem-me acreditar de verdade na força do pensamento, afinal pensando coisas boas, praticam coisas boas e, conseqüentemente [um logicamente tiraria todo o misticismo e acabaria com o texto {interessante?} por aqui mesmo], fazem com o que seus pensamentos reflitam em suas vidas... incrível!
Proponho, pois, o seguinte: uma vez por mês, todos vamos pensar coisas boas, como se nossas forças do pensamento estivessem mais elevadas que o poder de qualquer personagem de desenho japonês. Uma corrente, não, não, uma superteia de energia, é isso! Seremos mais abrangentes que a Internet e mais poderosos que o Homem-Aranha. Vamos escolher um dia para nos esquecer de todos os nossos problemas, adversidades e quaisquer coisas que possam nos causar incômodos e maus pensamentos. Seria nosso dia B [de bondoso], algo bem alternativo mesmo.
Nossa, estou contagiado. Sinto-me bem e feliz agora, as energias realmente funcionam, oh, glória!
Tudo que eu mais queria agora era um dia frio e claro, e, principalmente, um pote de mel bem grande, pra durar pra sempre comigo. É, eu gosto disso.

Sunday, September 24, 2006

Mães.

Se eu pudesse mudar uma coisa no mundo, não pediria nada daquelas coisas politicamente corretas que todos pedem, tampouco algo pessoal e egoísta, mas algo que realmente mudaria a vida de todos os homens: pediria que todos os homens também pudessem ser mães.

Há algo de inexplicável, de mágico, em ser mãe. É como se fosse um daqueles joguinhos modernos de video-game. A mulher, quando engravida, ganha atributos fantásticos, instantaneamente, do mesmo modo como os personagens do joguinho ao alcançar um novo estágio.

Toda mãe aprende naturalmente a cozinhar, pois os filhos nunca reclamam. Toda mãe sabe qual o remédio [ou chazinho] certo para o problema do seu filhinho. Toda mãe sabe o que o filho está pensando. Toda mãe sabe quando o filho está mentindo ou ocultando alguma coisa [isso é feio, hein, criançada?!?]. Toda mãe sabe quando o filho está apaixonado, e ainda descobre quem é a garota, mesmo que nunca a tenha visto e que mal tenha ouvido falar dela -- além de dar seus pitacos dizendo se que a garota é ou não ideal para o filhinho dela.

Além de toda essa coisa sobrenatural, há também a força física. Meu deus, aqueles que dizem que os homens têm mais força são insanos ou não tiveram mãe, infelizmente. Uma mulher frágil cria forças para carregar um bebê superpesado por meses antes de nascer, e tempos depois de nascido. Tudo isso sem mencionar a absurda mudança instintiva. Duvido que na antiguidade os homens não seriam muito melhores caçadores se tivessem os instintos maternos.

Porém, de tudo isso, o mais fantástico ainda é sua capacidade de amar. Não creio que nenhum outro amor no mundo se compare ao Amor de Mãe, sim, em letras maiúsculas. Aquele sentimento puro, que é capaz de fazer uma pedra chorar, e de fazer uma criança parar de chorar. Esse amor é a essência de todos os outros.

Posso ser apenas um cara com distúrbios mentais que Freud deve ter explicado em algum lugar, mas o mundo seria bem melhor se todos os homens fossem mães.
Perdi meu primeiro texto, droga!